Macunaíma, de Mário de Andrade, ganha nova tradução para o inglês

Foto: O Estadão

A nova tradução para o inglês de "Macunaíma: o herói sem caráter", uma das mais importantes obras literárias do modernismo na América Latina, escrita pelo renomado autor brasileiro Mário de Andrade, foi lançada em 15 de maio na Biblioteca Pública de Nova York, em Nova York, EUA. A nova versão em inglês foi editada pela New Directions e traduzida por Katrina Dodson.

O romance Macunaíma já havia sido traduzido para o inglês por E. A. Goodland e publicado no mercado americano pela Editora Random House em 1984. No entanto, a tradutora Katrina Dodson foi além da mera tradução e dedicou seis anos de sua vida à pesquisa dos aspectos da cultura indígena e afro-brasileira que estão refletidos na obra. Ela também se aprofundou nos arquivos de Mário de Andrade em São Paulo para produzir uma tradução tão precisa quanto possível.

A apresentação da nova versão em inglês fez parte de uma iniciativa do projeto "Brasil Em Suas Próprias Palavras", que tem como objetivo dar maior visibilidade à literatura e aos autores brasileiros no mercado norte-americano. Segundo Vânia Carvalho, fundadora e coordenadora do projeto, "Mário de Andrade foi um revolucionário por colocar o afrodescendente e o indígena em um papel central na literatura brasileira. Quase cem anos depois de seu lançamento, Macunaíma continua sendo relevante para a nossa cultura e uma obra fundamental para os estrangeiros interessados no Brasil". A palestra contou com o apoio da Biblioteca Pública de Nova York (NYPL), do Consulado Brasileiro em Nova York, do Instituto Guimarães Rosa e da ONG Ticun Brasil.

O desafio de traduzir "Macunaíma" para o inglês

Katrina diz que passou muito tempo estudando a terminologia e as referências do livro e depois as traduziu para o inglês. Ela diz que seu maior desafio foi primeiro decifrar o idioma original e depois encontrar um equilíbrio na tradução entre o inglês coloquial, que reflete a linguagem típica norte-americana e é menos europeizada, cheia de regionalismos e jargões, mas que também deixa vestígios de termos indígenas e africanos que são difíceis de entender.

A relação da tradutora com o Brasil vem de longa data, já que em 2015 ela traduziu para o inglês uma série de contos da Clarice Lispector em uma compilação chamada Complete Stories, que lhe rendeu o prêmio PEN Translation Prize pela sua tradução excepcional.

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